Passeio do Fileteado. Crédito: Ricardo Heinen

Visita Obrigatória: Museu Carlos Gardel

Uma das melhores maneiras de começar a visitar a Buenos Aires tangueira é fazendo uma visita a seu mito mais famoso, o cantor Carlos Gardel. É imprescindível saber quem foi este homem para poder entender porque ele está por toda a parte até hoje, nos bares, nas ruas, nos tangos, nos grafites.

Gardel foi músico, compositor, intérprete e ator. Deixou 11 filmes e mais de 800 discos gravados. Foi ele quem projetou o tango no mundo, com os primeiros tangos cantados. Tanto é que sua voz foi incluída, em 2003, no Programa Memória da UNESCO. Isto é, a organização adicionou a seus acervos todos os discos originais do cantor, com gravações entre 1913-1935.

Em um das minhas muitas visitas ao museu! Crédito: Ricardo Heinen

Em um das minhas muitas visitas ao museu! Crédito: Ricardo Heinen

Morreu no auge de sua carreira, durante uma turnê pela América Latina, num acidente de avião durante a decolagem, em 1935, em Medellín, Colômbia. Neste vôo também estava o brasileiro Alfredo Le Pera, que escreveu, junto com Gardel, várias músicas famosas como “Cuesta Abajo”, “Soledad” e o mega-sucesso “El Día que me Quieras”.

O Museu Casa Carlos Gardel conta toda esta historia e está localizado na região conhecida como Abasto.

Vista geral da casa. Crédito: Gisele Teixeira

Vista geral da casa. Crédito: Gisele Teixeira

É um dos meus museus preferidos na cidade, especialmente porque é um museu muito vivo. Oferece aulas de tango, projeção de filmes, obras de teatro, leitura de contos, conferências, um acervo permanente com objetos pessoais do cantor e ainda exposições temporárias sempre bem inusitadas. No mês de março há uma sobre moda tangueira, chamada Vestida de Tango.

Detalhe do acervo. Crédito: Gisele Teixeira

Detalhe do acervo. Crédito: Gisele Teixeira

A casa onde funciona o museu foi comprada pelo artista para a mãe, Berta Gardés, em 1927. Juntos, eles viveram neste local até 1933, último ano do cantor em Buenos Aires, antes de viajar para a França.

É uma casa estreita e comprida e todas as suas habitações dão a um pátio central, o que se chama aqui de casa “chorizo” (salsicha), típica da classe média da época. O museu foi aberto em 2000, depois de uma restauração arquitetônica.

Objetos pessoais e muito material histórico. Crédito Gisele Teixeira

Objetos pessoais e muito material histórico. Crédito Gisele Teixeira

Mini-cinema para ver filmes históricos. Crédito: Gisele Teixeira

Mini-cinema para ver filmes históricos. Crédito: Gisele Teixeira

As visitas guiadas são na segunda, quarta, quinta e sexta-feira às 15h. Nos sábados e domingos, às 13h, 15h e 17h. Fecha nas terças. Mas dá para fazer uma visita virtual aqui neste link. Há mais informações no Facebook.

Se for visitá-lo, aproveite para passear pela região e conhecer o Passeio do Fileteado, na rua Jean Jaurès, na altura do número 700 (entre Zelaya e Tucumán), onde seis fachadas forma pintadas com esta técnica em 2003 por vários artistas portenhos. E também uma das duas únicas estátuas de Gardel na cidade, na Pasaje Carlos Gardel. A outra está no Cemitério da Chacarita.

Passeio do Fileteado. Crédito: Ricardo Heinen

Passeio do Fileteado. Crédito: Ricardo Heinen

Endereço: Jean Jaurés 735
Telefone: 4964-2015/2071
www.museocasacarlosgardel.buenosaires.gob.ar
Segunda, quarta, quinta e sexta, das 11h às 18h. Sábados, domingos e feriados das 10h às 19h
Entrada 1 peso. Quarta, grátis.

Autora: Gisele Teixeira. Brasileira, jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria e “cidadã do mundo” como se auto descreve. Autora do blog Aqui me Quedo, vive em Buenos Aires já a cinco anos e esta terminando seus estudos no Centro Educativo del Tango de Buenos Aires. Apaixonada pelo tango, Gisele é nossa blogueira convidada para contar quinzenalmente um pouco mais do tango, suas técnicas, regras e outros segredos!  Para ler outros textos de Gisele visite o Aqui me Quedo.

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Fernando Soler, o Senhor Tango, revela detalhes da festa de Reveillon

Fernando Soler já se tornou um nome comum entre os brasileiros que vem ou planejam vir a Buenos Aires. Fundador e cantor principal da casa Señor Tango, Fernando é sem sombra de dúvidas o Senhor do Tango portenho!

Fernando Soler

Fernando Soler

O espetáculo no Senhor Tango permite desenvolver os cinco sentidos com a aplicação de luzes, cores, sons e tecnologia de última geração colocada a serviço do tango e sua história. O espetáculo foi criado e produzido por Fernando Soler, e conta com mais de quarenta artistas no palco durante as duas horas de duração, onde percorre desde o tango tradicional até chegar ao contemporâneo.

No total são nove casais de dança que recriam coreografias grupais e individuais mostrando suas habilidades e interpretando personalidades características do tango, com tema musical e vestuário apropiado.

Senor Tango

Fernando Soler na casa Señor Tango / fonte

Nós tivemos a oportunidade de gravar uma entrevista com ele, onde nos contou várias histórias interessantes como seu encontro com Ebe Camargo, Elba Ramalho e outras personalidades brasileiras, a história da fundação da casa Señor Tango, seus shows pelo Brasil e muito mais. Logo logo traremos essa entrevista completa aqui no blog.

Mas o importante é que Fernando nos adiantou detalhes super exclusivos sobre a festa de Reveillon que está programando no Senhor Tango e garanto que depois de escutar o que aguarda, vocês não vão querer perder essa festa por nada!

Não perca tempo e garanta já o seu lugar nesta incrível festa! Reserve com antecipação e desfrute ao máximo sua estadia em Buenos Aires sem preocupações.

 


 Texto: Anna Flavia de Castro

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Buenos Aires: Onde até o metrô é tangueiro!

O metrô de Buenos Aires é o mais antigo da América Latina, inaugurado em 1913, e está cheio de homenagens ao ritmo que mais identifica a cidade: o tango. O “subte”, como é chamado, tem referências ao ritmo em diversas de suas seis linhas, mas vou me concentrar na mais nova, a Linha H (amarela), conhecida com o “Passeio do Tango”. Vem comigo!

LINHA H 

Minha sugestão é fazer este roteiro num sábado. Começar pela estação Corrientes e ir descendo em todas até Hospitales. Depois voltar uma e terminar em Parque Patricios, dançando no final da tarde.

 CORRIENTES

 Esta estação (combinação com a linha B) faz homenagem ao compositor Enrique Santos Discépolo, numa obra inspirada em um de seus tangos mais famosos, Século XX Cambalache. Um segundo mural está inspirado no tango Yira Yira.

Foto 1_ Estacao Corrientes

Obra do fileteador Jorge Muscia

 

 ONCE

Desenhos de Ermenegildo Sábat fazem homenagem ao bandoneonista, compositor e diretor de orquestra Aníbal Troilo (1914 – 1975), um dos maiores nomes do tango até hoje. Mais conhecido como “Pichuco”, foi autor de clássicos como “Garúa”, “Sur”, “Barrio de Tango”.

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Obra de Hermenegildo Sabat, meu preferido

VENEZUELA

Obras de Carlos Nine nos contam um pouco sobre a vida de Osvaldo Fresedo (1897-1984), músico, bandoneonista e diretor de orquestra. É um dos tangueiros com obra mais extensa, com 1.250 gravações! Entre elas um clássico dos clássicos: “Vida Mia”.

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Um dos murais mais lindos do metrô de Buenos Aires

 HUMBERTO PRIMO

O compositor, violinista e diretor de orquestra uruguaio Francisco Canaro (1888-1964) é o destaque desta estação, em trabalhos do artista Oscar Grillo. Algumas de suas composições mais conhecidas são “Adiós Pampa Mia”, “Pinta Brava” e “La última copa”.

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Detalhe de mural

 INCLÁN

A homenageada é Azucena Maizani (1902-1970), com obras de Alfredo Sábat. Cantora e atriz argentina, alcançou a fama em 1923 depois de cantar “Padre Nuestro”. Atuou nos filmes “Tango” (1933), “Monte Criollo” (1935), “Di que me quieres” (1938) e “Nativa” (1939). Há outros personagens de tango.

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Cliquem no link para ver as obras em tamanho grande.

CASEROS

Nesta estação o homenageado é Julio de Caro (1899-1980), com obras do artista Hermenegildo Sábat. Diretor, compositor, arranjador e violinista argentino, o músico criou na década de 1920 um estilo original no tango. Entre seus êxitos estão “El Malevo”, “Boedo”, “Nobleza de Arrabal” e “Copacabana”, entre outros.

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Toda a estação está linda

PARQUE PATRICIOS

As obras desta estação do metrô de Buenos Aires homenageam o ator Tito Lusiardo (1896-1982), entre outros referentes. Ricardo Carpani, pintor de tango e do movimento trabalhador, fez a obra “Quienes Somos de dónde venimos y a donde vamos” e Marcelo Mortarotti decorou a estação com dois trabalhos, “Oda de Buenos Aires” e “Las Mil Caras de Buenos Aires”. Tito Lusiardo fez 38 filmes, entre eles “El Día que me Quieras”, em 1935. Foi amigo de Gardel e companheiro de escola de Jorge Luis Borges.

Foto 7_ Detalhe de mural de Carpani

Detalhe de mural de Carpani

 HOSPITALES

Murais de autoria de Lean Frizzera e Martin Ron retratam os cantores de tango Tita Merello e Angel Villoldo. Uma terceira obra faz homenagem às musas francesas que aparecem no tango “El choclo”. Os desenhos são do movimento de Street Arte de Buenos Aires, feitos por Ma Cla Management de Arte + Cultura de Latino America (MA + CLA) e Naranja Contemporaneo.

Foto8_Hospitales

Tita Merello em versão Street Art

 

Autora: Gisele Teixeira. Brasileira, jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria e “cidadã do mundo” como se auto descreve. Autora do blog Aqui me Quedo, vive em Buenos Aires já a cinco anos e esta terminando seus estudos no Centro Educativo del Tango de Buenos Aires. Apaixonada pelo tango, Gisele é nossa blogueira convidada para contar quinzenalmente um pouco mais do tango, suas técnicas, regras e outros segredos!  Para ler outros textos de Gisele visite o Aqui me Quedo.

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Milongas em Buenos Aires – Dicas para dançar como os Portenhos

Buenos Aires é uma cidade famosa por suas milongas. Esta palavra, “milonga”, além de denominar a música das duas margens do Rio da Prata (Argentina e Uruguai), é também o espaço onde as pessoas que gostam de tango se reúnem para dançar. É o baile! Não tem nada a ver com os espetáculos, que são igualmente belíssimos, mas são para ver ou ouvir. Há centenas delas na capital argentina, de todos os tipos que você possa imaginar– desde as realizadas em clubes tradicionais, com regras rígidas, até às milongas gays, onde os papéis de cada um são mais flexíveis. Há sites especializados com a agenda da semana, como o Punto Tango, com as 60 melhores pistas para dançar, de acordo com horário, dia da semana, público, e até tipo de piso.

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Há centenas de milongas na capital Argentina, para todos os gostos. - Fonte

Uma coisa, no entanto, é comum entre todas – a magia. Ao ultrapassar suas portas, se descortina um mundo maravilhoso. Entra-se em outra realidade. Tanto é que não há uma milonga que tenha porta direto na rua. Sempre há uma recepção, um lobby, um corredor, uma cortina. É imprescindível fazer uma transição entre o mundo “real” e o mundo do baile. Normalmente, isso acontece com a troca dos sapatos. Retirar os sapatos “da rua” ao entrar num lugar sagrado contém um valor simbólico muito forte. De forma que todo o dançarino (a) que se preze tem seu sapato de baile. E não o usa em nenhum outro lugar. Aliás, em milongas mais tradicionais, quem não tem sapato especial não dança. Plancha! Em bom português, toma chá de cadeira.

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O sapato é super importante no universo do tango! – Fonte

Mas há outros códigos milongueiros. E muitos. Normas que é bom conhecer, mesmo que você não dance. Abaixo, alguns deles:

1. “CABECEIO”

Nenhum homem atravessa a pista para convidar uma mulher para dançar. O convite é feito na base do olhar e, se há acordo, se fecha negócio com um leve balanço de cabeça. Parece antigo, mas acho bem civilizado. Evita que a gente tenha que dizer não para alguém ou dançar com quem não está afim. Se essa é a ideia, aliás é só fazer uma cara de distraída que todos entendem.

2. SILENCIO

Quando a gente aceita o convite para dançar, pode aproveitar os primeiros compassos servem para um conversa rápida, mas não deve esquecer algo importante: durante o baile não se fala – é preciso escutar a música.

3. SENTIDO DE PISTA

Os casais dançam em sentido anti-horário. De preferência, os iniciantes ficam no centro do salão e os mais experientes bailam nas bordas (área de maior exposição visual). Ninguém se ultrapassa. Não é uma corrida. Os casais vão ocupando o espaço deixado pelo da frente.

4. ESPAÇO

Como as pistas em geral são cheias, os movimentos devem ser módicos. Nada de fazer com seu salto agulha aquele passo que você viu no show de tango. A milonga é o lugar do tango social, ou seja, é preciso respeitar e não invadir o espaço do outro.

5. TANDAS

É de bom tom dançar uma “tanda” inteira – isto é, um grupo de três ou quatro tangos. Dancar só ume dizer “gracias” é falta de educação. Ao final desses tangos, os pares ficam liberados para descansar, conversar, ou simplesmente procurar outros parceiros. E depois começa tudo novamente.

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Milonga a céu aberto – Fonte

Afinal, o melhor do tango é experimentar uma nova paixão a cada três minutos. Ou encontrar o abraço perfeito!

Autor: Gisele Teixeira
Brasileira, jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria e “cidadã do mundo” como se auto descreve. Autora do blog Aqui me Quedo, vive em Buenos Aires já a cinco anos e esta terminando seus estudos no Centro Educativo del Tango de Buenos Aires. Apaixonada pelo tango, Gisele é nossa blogueira convidada para contar quinzenalmente um pouco mais do tango, suas técnicas, regras e outros segredos!

El Querandí

Top 4 Cafés Tango em Buenos Aires

Todo mundo sabe que Buenos Aires é a capital do tango. A paixão, intensidade e os movimentos cuidadosamente executados são, sem dúvida, emocionantes de assistir! Mas se você está procurando uma alternativa mais discreta para um jantar com show, sabemos dos lugares perfeitos para você. Para sentir o gosto da cultura do tango portenho, sem gastar muito dinheiro com um show tango, confira esses quatro principais cafés tango em Buenos Aires. Em todos esses locais históricos, shows de tango são realizadas à noite, mas o visitante pode desfrutar da atmosfera de um café durante o dia. Tome o seu café como um portenho e absorva a história da cultura do tango nos lugares onde tudo começou!

1. Café Tortoni:

Fundado em 1858, o Café Tortoni é o café mais antigo do país. Um marco clássico, o café está sempre movimentado com turistas e moradores locais. Quando você estiver lá, você deve pedir um submarino, que é uma bebida popular de leite quente com uma barra de chocolate que você mesmo mergulha na xícara. No Tortoni, o chocolate tem o formato  de um submarino! Paredes decoradas com homenagens a vários personagens da história do tango nos conduzem para uma outra sala na parte de trás que é inteiramente dedicada à exibição de artefatos.

Cafe Tortoni

Cafe Tortoni

2. El Querandí:

Embora o bar tenha virado “El Querandi” oficialmente em 1920, a sua história remonta muito mais longe, uma vez que parcela do terreno onde se encontra pertence ao primeiro grupo de casas construídas na cidade. Devido à sua localização histórica perto de uma universidade, El Querandi tem sido o ponto de encontro de escritores e intelectuais desde que abriu. As toalhas pretas, cadeiras de madeira escura, e um bar elegante trazem um ar luxuoso, enquanto o seu menu durante o dia é completamente acessível.

El Querandí

El Querandí

3. Café de los Angelitos:

Originalmente chamado Bar Rivadavia, este famoso marco histórico já foi um local mais sombrio vistado por malandros e ladrões. No entanto, o edifício foi recentemente completamente restaurado, tornando-se um lugar elegante para um lanche. Tradicional café durante o dia, moderna casa de tango a noite, o Café Angelito muda facilmente de um modo para outro com as suas decorações de bom gosto, que incluem fotografias em preto-e-branco nas paredes.

Cafe de los angelitos

Cafe de los angelitos

4. Esquina Homero Manzi:

Nomeado em homenagem e dedicado ao famoso compositor de tango Homero Manzi, “Esquina Homero Manzi” é fora da maioria dos roteiros, mas definitivamente vale muito a pena. Nascido em 1907, Manzi escreveu sua primeira canção de tango aos 14 anos. Ele passou a ser muito mais do que um compositor: poeta, jornalista, roteirista, dramaturgo e diretor de cinema são todos os títulos que detinha antes de morrer de câncer em 1951. Venha para a Esquina Homero Manzi para saber mais sobre este homem fascinante, a sua obra,  da dança e da música que ele amava!

Homero Manzi

Homero Manzi

Para o viajante que não quer que o grande show, os cafés clássicos do tango são excelentes opções para obter um sabor da história e paixão na dança que embala Buenos Aires. Se você visitar um ou todos, não tenha dúvidas de que terá aquele gosto de tango que você tanto queria!

Tenha uma excelente viagem!

Por: Caroline Leland para BsAs4U
Traduzido Michelson Novaes Santos